História de Pombal

História de Pombal

Sendo difícil precisar com rigor o local onde Pombal terá surgido, alguns estudos apontam para que a sua primeira povoação tenha sido na ladeira dos Governos, ainda antes da edificação do Castelo, porém ainda uma outra povoação ter-se-á fixado no monte de S. Cristóvão, a Este, em frente ao monte do Castelo. Contudo, também não terá sido esse povoamento que deu origem ao topónimo de Pombal. Recuando ainda mais no tempo, antecipando a fundação da nação portuguesa, não restam dúvidas quanto à presença dos romanos na região de Pombal, tendo em conta as moedas romanas encontradas nas obras de restauro do castelo, na década de 40. Esse achado permitiu colocar a possibilidade de o morro ter albergado um castro, mas parece que nada mais foi encontrado que ateste a veracidade de tal ilação, se não possíveis alicerces castrejos.

Foi no século XII, com Gualdim Pais, mestre da Ordem dos Templários, que surge o Castelo sobre o monte situado ao nascente, quando os templários passaram pela primeira vez por estes sítios, existia um lugar chamado Chões, constituído por moçárabes que, atraídos por privilégios e por uma maior defesa, se foram aproximando do castelo até para lá se instalarem.

A construção do Castelo foi determinante no surgimento da nova povoação que, possivelmente, se prolongaria descendo até ao lugar de Casarelo. É discutível a data em que o castelo foi construído, há quem afirme que terá sido em 1161 e há quem defenda que foi em 1170, certo é que em 1174 já estava de pé, em face do primeiro foral concedido por Gualdim Pais, «aos da terra e castelo de Pombal». Ainda no decurso desse mesmo século irá ocorrer uma alteração no rumo da expansão do burgo para a ala poente do morro. Para explicar a mutação no povoamento, apontam-se razões, tais como: a ocorrência de um surto epidémico, uma mera questão climática, visto a área poente ser mais soalheira do que a nascente, ou uma nova incursão inimiga.

No século XIII, Pombal contava já com três paróquias, reflectindo fortemente o seu crescimento populacional: Santa Maria do Castelo, S. Pedro e S. Martinho. As duas primeiras infelizmente caíram em ruína, restando somente vestígios da primeira. Porém a igreja de Santa Maria do Castelo encontrava-se dentro das muralhas do castelo, detendo nela a pia baptismal, o que a tornava a mais importante das três. Por sua vez, a igreja de S. Martinho, situava-se numa zona fora dos muros da vila, atestando o desenvolvimento da vila pela encosta em direcção ao rio Arunca. A fronteira, entre o novo e o velho burgo, viria a ser demarcada pela Torre do Relógio, construída no reinado de D. Pedro I, no século XIV, com o fim de servir de local onde eram recolhidos os tributos devidos pelos judeus e outros não cristãos, mas detendo igualmente importantes funções de atalaia sobre a zona nova da vila e rio Arunca. Em meados do século XIII um forte movimento de pessoas e, consequentemente, de mercadorias avolumou-se entre as cidades de Santarém, Leiria e Coimbra, o que trouxe à baixa de Pombal um grande número de judeus e mouros feirantes, fixando-se nos arrabalde, próximo às margens do Arunca. Com a conversão dos judeus e mouros ao cristianismo, no reinado de D. Manuel, Pombal sentiu a necessidade de ampliação da paróquia dedicada a S. Martinho, cuja localização ficava extramuros, originando um incremento populacional e urbano na zona circundante. Ainda com D. Manuel, Pombal no ano de 1509, viu o seu castelo recuperado, ficando o seu interior a servir de residência ao alcaide-mor da vila e a abertura de uma porta no lado poente do Castelo, voltada para a vila, já perfeitamente localizada a oeste. Foi este mesmo Rei que 3 anos depois, revogou antigos privilégios concedendo-lhe foral novo, datado de 1 de Junho de 1512.

No século XVII, as convulsões políticas do reinado de D. Afonso VI, ocasionaram uma nova expansão da vila de Pombal, quando o Conde de Castelo Melhor, D. Luís de Vasconcelos e Sousa, mandou construir o Convento dos frades Lóios, no ano de 1687, em cumprimento de uma promessa. Aqui funcionou a primeira escola de letras e artes de Pombal, pelo que o espaço do Cardal se transformou em centro de atracção. Contudo o centro da vila continuava a ser a zona envolvente da Igreja de S. Martinho. No entanto, a ordenação da parte baixa da vila deve-se ao Marquês de Pombal, que ali viveu entre 1777 e 1782. Mandou construir na Praça Velha, a cadeia e o celeiro, transferindo o pelourinho para uma Praça Nova, situada próxima do rio Arunca.

 

Em finais do século XVIII o Largo do Cardal começa a suscitar interesse por parte de burgueses abastados, construindo ali as suas residências e pelo desvio da estrada real para dentro de Pombal, para a qual foi necessário construir uma ponte sobre o rio Arunca, numa obra dirigida pelo coronel – engenheiro Joaquim de Oliveira, dando à vila e a toda a região um novo incremento rumo a um novo progresso e expansão. Viam-se reunidas as condições necessárias ao progresso desta terra, porém travado pelas invasões francesas a 11 de Março de 1811. As tropas comandadas pelo general Massena saquearam e incendiaram toda a população, circunstância que feriu a anterior pujança, complementada pela mortandade ocorrida em 1833, quando a cólera-morbus transformou Pombal numa localidade abandonada. Com a estrada real totalmente desmantelada e intransitável, Pombal caminhou para um total isolamento face ao resto do país. Esta situação só será ultrapassada em 1855, após a construção da via férrea, permitindo estabelecer comunicação rápida e fácil com os principais centros de Portugal. A partir de 1867, com a reparação e beneficiação da rede de estradas, a vila aumentou consideravelmente, não só no comércio e na agricultura como no número de prédios. Em 1878 foram-lhe criadas infraestruturas de acentuado mérito, entre as quais o novo hospital de Pombal. Durante todo o século XIX o burgo cresceu ao longo das margens do rio, sendo no entanto de maior relevo o seu desenvolvimento na margem direita, que o assentamento da linha de caminho de ferro e a construção da estação, acentuou. Pombal não mais parou de crescer, apesar do revés populacional sofrido entre as décadas de 40 e 60, do século passado, com a emigração para o estrangeiro de muitos dos seus habitantes. Nos anos 50 vê ser rasgada a nova Avenida, dando à vila uma nova fisionomia e envergadura, crescendo em direcção aos montes de Sicó.

Entre os anos de 1911 e 1940, Pombal conheceu uma forte expansão nos sectores secundários e terciários, em detrimento do sector primário, ainda que a sua valiosa zona industrial se complete com o importante pólo agro-pecuário que é. Mas a maior riqueza desta região estava no pinheiro, fazendo de Pombal o mais importante centro de indústrias resinosas do País e do Mundo. Nas últimas décadas, pela sua excelente localização e beneficiando do facto de ser atravessado por alguns dos principais eixos de acessibilidade do país, quer em termos rodoviários, quer em termos ferroviários, assistiu à fixação de algumas polarizações industriais, como a Zona Industrial da Formiga e sobretudo na transição da década de 80 para a década de 90 do século passado, em que o processo de industrialização se intensificou de forma significativa, originando a criação do Parque Industrial Manuel da Mota e de algumas zonas industriais nas freguesias.