Lenda do Mouro Al Pal Omar (Pombal)

Nos afastados tempos da conquista do território, vivia nas margens do rio das Quabruncas um mouro chamado Al Pal Omar, este mouro era dono de uns grandes olhos verdes, de cor da esmeralda traiçoeira, que enobreciam a sua tonalidade bronzeada, cuja fama se estendia desde as margens do Mondego até aos campos do Tejo, em vagas de irradiante simpatia e acanhado respeito. Todas as famílias que tivessem filhas casadouras, procuravam afasta-las dele, porque lhes escolhia as mais belas e as mais prendadas, para as encantar no seu palácio, com meigas artes de amor, pois nunca estava completo o seu harém.

Certo dia os cavaleiros do templo, guiados pelo arcanjo S. Miguel, deram-lhe um combate de morte, que durou até às noite sob o luar de Agosto, vendo-o desaparecer para sempre na gruta encantada do seu palácio no alto do cerro, então taparam-lhe as entradas e saídas, construindo-lhe em cima um castelo todo em pedra. As raparigas de Pombal ainda hoje guardam na memória a fama deste mouro encantador, contada de mães para filhas, em singela advertência:
Toda a menina desobediente que for sozinha ao castelo, depois do sol posto, ouvirá ao longe uma música suave e harmoniosa, que se virá aproximando sem dar por isso.

Mas só as raparigas bonitas e prendadas que pararem a ouvir curiosas tal melodia, serão encantadas por um formosíssimo rapaz, de olhos brilhantes e apaixonados que lhes cantará:

Menina vem ter comigo,
Vem meu encanto quebrar,
Sou um mouro teu amigo
Que te quer namorar

Se as raparigas não fugirem imediatamente, ficaram de tal modo fascinadas e perdidas que se deixaram seduzir, acompanhando o mouro para as penas eternas, ou nunca mais serão meninas bonitas e prendadas.
É por isso que todas as meninas de Pombal ainda hoje gostam de ir passear ao castelo, mas na companhia dos seus namorados, só com o desejo de arreliar o mouro Al.Pal Omar .

Menina bonita e prendada não vai sozinha ao castelo de Pombal, mas o mouro vinga-se por vezes e desfaz-lhe os casamentos e por tenha inspirado o poeta Costa Pereira a cantar.

Oh! Meu Pombal
Se o teu castelo falasse
E um dia nos contasse
O que tem visto ao luar
Há tantos e tantos anos
Amor, ciúmes enganos
Muito tinha que contar.